Uma cena de horror tomou conta do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (29). Moradores levaram mais de 50 corpos para uma praça da comunidade, no dia seguinte à operação policial mais letal da história do estado. As imagens dos corpos enfileirados na Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, chocaram o país.

Segundo o governo estadual, a megaoperação na Penha e no Alemão deixou oficialmente 64 mortos e 81 presos. No entanto, ainda não está claro se os corpos levados pelos moradores à praça fazem parte dessa contagem ou se representam novas vítimas, o que elevaria o número total de mortos.

De acordo com relatos obtidos pelo G1, os corpos estavam espalhados pela área de mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia, onde ocorreram os confrontos mais intensos entre policiais e traficantes. Muitos apresentavam marcas de tiros na nuca, facadas nas costas e ferimentos nas pernas. A movimentação dos moradores teve como objetivo facilitar o reconhecimento das vítimas por familiares, já que vários corpos permaneciam sem identificação.

Um dos corpos foi encontrado decapitado, com a cabeça trazida dentro de uma sacola. Outro apresentava as mãos fechadas, ainda segurando grama. Crianças chegaram a ajudar na remoção dos cadáveres, e uma mãe gritou, aos prantos: “Polícia assassina, cadê meu filho?”.

Defensores de direitos humanos solicitaram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) o envio de interventores e peritos internacionais ao Rio. A advogada responsável pela denúncia classificou a operação como “o maior massacre da história do Rio de Janeiro”.

Cercados por fotógrafos e cinegrafistas, os corpos foram descobertos por volta das 7h da manhã. Segundo o ativista Raull Santiago, a exposição pública foi um pedido das famílias, como forma de denunciar o que chamam de “massacre do Complexo da Penha”.

Fonte Mais Goiás

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